terça-feira, 19 de outubro de 2010

França 1968 - das ruas para as fábricas

O maio de 1968 na França não foi um movimento exclusivamente estudantil. Enquanto a juventude se levantava nas Universidades, os operários vinham se organizando  para enfrentar a nova regulamentação trabalhista proposta pelo governo De Gaulle.  Desde 1966, as duas principais centrais sindicais francesas, a Confederação Geral do trabalho (CGT) e a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), haviam se unido por meio de um acordo que em maio de 1967 incorporou também a Força Operária (FO) e a Federação Nacional da Educação (FEN, na sigla em francês) para combater as reformas gaullistas.
Desde o início do mês, os sindicalistas organizavam jornadas desvinculadas das manifestações estudantis de Paris. O movimento operário era um barril de pólvora à espera de um detonador, que finalmente veio com o pedido de apoio lançado pela União Nacional dos Estudantes Franceses contra a repressão que vinham sofrendo. As centrais sindicais decidiram apoiar os jovens e no dia 13 de maio convocaram a greve geral  para denunciar os ataques sofridos pelos estudantes e reafirmar suas próprias reivindicações.
Da mobilização nas ruas, os trabalhadores partiram então para a ocupação de fábricas. Os operários tomaram conta da Sud Aviation de Nantes, da Renault-Cléon, da Kléber-Colombes, em Elbeuf, e da La Roclaine em Saint-Etienne-du-Rouvray, entre outras. No dia 16, a ocupação da "fortaleza operária" de Billancourt tornou-se um símbolo da nova luta.
O movimento se alastrou pelo país e no dia 17 de maio a França era um país imobilizado pela paralisação do transporte ferroviário e por cerca de sete milhões de grevistas. Comitês de greve foram organizados nas fábricas, lojas e depósitos ocupados.
Diante do acúmulo de forças, os trabalhadores tinham de decidir se negociariam com o governo. A questão dividiu posições no movimento grevista  e no dia 25 de maio iniciou-se o diálogo entre sindicatos, Estado e patrões. Os trabalhadores, no entanto, rejeitaram maciçamente a proposta que suas centrais lhes apresentaram e decidiram continuar a mobilização.
As greves se prolongaram mas as negociações se deslocaram para o terreno setorial e no dia 30 de maio De Gaulle lançou sua contra-ofensiva, dissolvendo a Assembléia Nacional e convocando eleições para o mês seguinte. A Sobornne foi evacuada à força e os sindicatos passaram a negociar o fim de suas  greves. Um primeiro acordo setorial foi firmado pelos têxteis no dia 31, logo seguido por outros. No dia 23 de junho, primeiro turno das eleiçoes, a maioria dos trabalhadores já havia voltado ao trabalho.
por Daniel Tartakowsky
Fonte:Revista História Viva, nº 54, pág. 39

França,  19 de outubro de 2010
Paris,2010
Hoje é o sexto dia de protestos nacionais coordenados nos últimos dois meses contra a reforma previdenciária planejada pelo governo do presidente Nicolas Sarkozy. A reforma prevê, entre outros pontos, o aumento da idade mínima para aposentadoria no país de 60 para 62 anos. Estão programados mais de 200 protestos de rua na França.
As greves levaram a indústria de refino de petróleo a parar na semana passada, como resultado da paralisação das 12 refinarias do país e de uma greve de três semanas do importante porto para o setor, o de Fos-Lavera. Caminhoneiros em greve também dificultaram o transporte dos derivados de petróleo.
Ainda que o país tenha reservas de combustível para várias semanas e os distribuidores de combustível possam importar combustível de países vizinhos, há o temor de que a falta do produto leve muitas pessoas a correr para fazer estoques, acabando com as reservas nos postos em algumas áreas, alertou ontem Jean-Louis Schilansky, presidente da União Francesa de Indústrias Petrolíferas. As informações são da Dow Jones
Fonte: Agência Estado

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