quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O RIO DE JANEIRO E SUA HISTÓRIA



Às vésperas de completar 450 anos, o Rio de Janeiro tem muita história para contar. De capital da colônia a sede do Império Português, a cidade que já foi distrito federal da República testemunhou e protagonizou diversos capítulos da história do Brasil.
E, desde os tempos mais remotos, deixa claro sua vocação para o esporte.
Praça XV
 Clique AQUI e conheça um pouco desta história e relembre alguns dos principais marcos da cidade, que se misturam com a trajetória do esporte e do país.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

É Carnaval...e nesse dia ninguém chora!


"Carne vale"
O carnaval é uma festa popular que surgiu ainda na Antiguidade com intuito de celebrar os deuses pagãos e a natureza. Foi reconhecida pela igreja e incluída no calendário cristão depois de muitos séculos, ainda hoje é comemorada no mundo inteiro. Possui características diferentes em cada país que o festeja.
O carnaval comemorado no Brasil sofreu influência de uma festa de rua, de origem portuguesa, o entrudo, que consistia em jogar farinha, ovo e tinta nas pessoas. Porém, a comemoração também passou por mudanças por causa do folclore indígena e a cultura africana, trazida pelos escravos. Todos esses fatores culturais construíram um carnaval distinto em cada parte do Brasil. O Rio de Janeiro é famoso pelos desfiles das escolas de samba, na Bahia os trios elétricos atraem milhões de foliões todos os anos e em outros estados, como Pernambuco e Minas Gerais, o carnaval de rua é o mais popular.
Existem outras formas tradicionais de passar o carnaval, que é a última festa antes da quaresma. No século XIII, os nobres franceses começaram a promover grandes festas onde era obrigatório o uso de máscaras e roupas luxuosas - os bailes - e provavelmente foi assim que surgiram as primeiras festas à fantasia. Essas festas logo ficaram populares entre as altas classes em toda Europa e se espalharam por todo o mundo, sendo comuns atualmente.

A Origem do Carnaval

A origem do carnaval é incerta, mas acredita-se que tenha surgido na Grécia por volta do ano 520 a.C. Era uma festa em que o vinho era fundamental e as pessoas se reuniam em nome do deus Dionísio com a única intenção de se divertirem, celebrar a chegada da primavera e a fertilidade. Esse tipo de comemoração se tornou popular em Roma durante os primeiros séculos da era cristã.
O nome Carnaval vem de “Carne Vale”, seu significado está ligado ao fato dessa festa pagã acontecer durante os três dias que antecedem a quaresma, um longo período de privação, portanto era como uma despedida dos pecados da carne. Esse nome surgiu depois que a celebração foi legalizada pela Igreja Católica para coibir o que a instituição classificava como celebração pecaminosa. Ou seja, a celebração tinha como objetivo principal extravasar e fazer tudo que durante a quaresma era proibido.
Em 1545, depois do concílio de Trento, mudou-se o calendário de Juliano para Gregoriano e o Carnaval passou a ser uma data oficial para os cristãos. Dessa forma, é reconhecida como festa popular de rua que sofreu uma série de modificações culturais até chegar aos dias de hoje.

Rio de Janeiro - seculo XIX

História do Carnaval no Brasil

O carnaval chegou ao Brasil à partir do século XIII, quando os portugueses trouxeram a brincadeira do entrudo, típica da região de Açores e Cabo Verde, que consistia em um jogo em que as pessoas sujavam umas às outras com tintas, farinha, ovos e também atiravam água.
No século XIX foram promovidos os bailes parisienses, nos quais os convidados deveriam usar máscaras. Cresceu o interesse por esse tipo de festa porque o entrudo causava muita confusão por ser uma prática que apelava para violência. Nos bailes, que aconteciam em local fechado, o público era composto por convidados que se dispunham a fantasiar-se e ouvir música. Uma figura importante desse período é Chiquinha Gonzaga que compôs músicas de carnaval e pertencia a esse grupo de classe burguesa frequentadora dos bailes.
No Rio de Janeiro, século XX, surgiram as primeiras escolas de samba. No final da década de 1920, os desfiles agradaram muito a população e tornou-se uma forma popular de comemoração do carnaval ainda muito forte, tanto no Rio, quanto em São Paulo. No Nordeste do país o jeito mais popular de passar o carnaval é ir para as ruas, mantendo um pouco da tradição trazida pelos portugueses. Na Bahia, mais especificamente manteve-se o costume do carnaval de rua, mas fortaleceu-se os trios elétricos depois da década de 1980.

Como é calculado o dia do carnaval?

Esse cálculo foi estipulado para que não houvesse coincidência com o dia da Páscoa Católica e para que essa ela não ocorresse no mesmo dia da Páscoa Judaica. Assim, ela começa com o equinócio de primavera, no hemisfério norte, a partir dele é preciso saber em qual dia será a primeira lua cheia, pois a páscoa é comemorada exatamente no domingo depois dessa lua. Ou seja, sabe-se que a terça-feira de carnaval é aquela que antecede a Páscoa em 47 dias. No Brasil, a data é comemorada no outono, então começa a contar a partir do dia 21 de março, dia do equinócio no hemisfério sul.


Fonte:Historia do carnaval

Quer saber mais?
Consulte: http://www.miniweb.com.br

domingo, 8 de fevereiro de 2015

FEIJOADA CARIOCA

Em comemoração ao retorno do nosso blog, vamos de feijoada!
Ela é carioca, ela é carioca...
todos adoramos e sua história é bem legal!


RIO - Parte da tradição culinária ibérica, a feijoada virou a receita brasileira por excelência. É o prato que nos dá identidade, aquele que apresentamos a todo estrangeiro de passagem. Mas a clássica combinação do feijão preto com carnes nasceu no Rio, e é mais consumida aqui. Tinha mesmo que terminar em samba, não é?
Os cozidos de carnes e legumes são milenares, com registros que remetem ao Império Romano. Receitas próximas a da feijoada têm sido cultivadas pelas tradições culinárias de Espanha, Portugal e França; quem nunca devorou um bom cassoulet que atire a primeira pedra. É a partir dessa influência europeia que nasce a nossa feijoada.
Seus primeiros registros — completa, com feijão preto gordo, arroz, couve e farofa — datam do século XIX, no Rio. O folclorista Câmara Cascudo afirma em “História da Alimentação” que ela foi criada para enriquecer a dieta colonial: o feijão magro (que no século XVI era consumido acompanhado de farinha e carne ou peixe seco) deu lugar ao prato preparado à maneira do cozido português, com carnes e legumes.
— De fato, o único prato realmente carioca é a feijoada. Podemos afirmar isso porque os registros mais antigos apontam para o Rio. E o feijão preto sempre foi mais consumido na cidade — afirma o sociólogo Carlos Alberto Dória, autor de “Formação culinária brasileira.” — Outras influências encontradas no Rio não são criações cariocas. O peixe com farinha dos caiçaras, por exemplo, é comum em todo o litoral brasileiro, com pequenas alterações — explica.
E por que o feijão preto é mais consumido no Rio do que no resto do Brasil?
— Nunca encontrei essa explicação nas minhas pesquisas — diz Rosa Moraes, diretora de hospitalidade e gastronomia da rede de universidades Laureate. — É o tipo de coisa que se percebe quando não se é carioca ou não se mora no Rio. No restante do Brasil, outros tipos de feijão são consumidos no dia a dia. Muitas vezes, o feijão preto só vai à mesa na forma de feijoada.
Criada no Rio no fim do período colonial, a feijoada foi alçada a sinônimo de brasilidade pelo Modernismo, que, nas primeiras décadas do século XX, buscou construir uma ideia de nação. Tornou-se, então, uma espécie de alegoria festiva de um Brasil miscigenado.

 

— A feijoada não nasceu na senzala, como diz o senso comum. Basta pensar que as carnes usadas no prato não eram consideradas “restos” pelos portugueses. Ao contrário, eles não as desprezavam. Mas o ideal modernista fez da feijoada um símbolo da mistura racial brasileira — explica a antropóloga Paula Pinto e Silva.
A analogia é explícita, simples até, mas pouco verdadeira: arroz (contribuição do colonizador branco), feijão com restos de carnes (consumido na senzala pelos escravos) e a farinha (de mandioca, parte da alimentação dos índios). Uma vez criado o mito culinário, difundi-lo não foi difícil. Capital do Brasil por 197 anos, o Rio sempre foi um importante disseminador cultural. Saindo de pequenos restaurantes e pensões cariocas em meados do século XIX, a feijoada rapidamente ganhou o imaginário — e a mesa — brasileiros.
Como a própria personalidade carioca, a feijoada se estabeleceu como um prato festivo e informal. Alguém imagina que ela pudesse ter sido criada em São Paulo?
— O Rio escolheu ser reconhecido como um lugar informal, descompromissado. Por isso, a cultura do chope e dos bolinhos fritos nos botequins. A feijoada está dentro dessa escolha. É uma comida sem cerimônia — reflete Paula Pinto e Silva.
E já que chegamos à bebida, com o que harmonizar uma boa feijoada? Tradicionalmente, o carioca escolhe entre a cerveja estupidamente gelada e o chope bem tirado. São bebidas descontraídas. Os turistas não hesitam: pedem a caipirinha, formando um manjar “made in Brazil”. Mas não se surpreenda, há sommeliers que indicam espumante para escoltá-la — uma bebida festiva para uma receita idem.
De copo na mão, basta seguir Vinicius (existe símbolo melhor do Rio?), no poema “Feijoada à minha moda”: “Que prazer mais um corpo pede/Após comido um tal feijão?/Evidentemente uma rede/E um gato para passar a mão.”

Fonte:O Globo

segunda-feira, 11 de março de 2013

A rainha Ginga...Nzinga Mbandi Ngola


 1587-1663
Indomável e inteligente soberana (1624-1663) do povoGinga de Matamba e Angola e nascida em Cabassa, interior de Matamba, que altaneira e silenciosa conseguiu juntar vários povos na sua luta contra os invasores portugueses e resistiu até ao fim sem nunca ter sido capturada, tornando-se conhecida pela sua coragem e argúcia. Do grupo étnico Mbundu, era filha do rei dos mbundus no território Ndongo, hoje em Angola, e Matamba, Ngola Kiluanji, foi contemporânea de Zumbi dos Palmares (1655-1695), o grande herói afro-brasileiro, ambos pareceram compartilhar de um tempo e de um espaço comum de resistência: o quilombo. Enviada a Luanda pelo seu meio irmão e rei Ngola Mbandi, para negociar com os portugueses, foi recebida pelo governador geral e pediu a devolução de territórios em troca da sua conversão política ao cristianismo, recebendo o nome de D. Anna de Sousa.
 Depois os portugueses não respeitaram o tratado de paz, e criaram uma situação de desordem no reino de Ngola. A enérgica guerreira, diante da gravidade da situação e da hesitação de seu irmão manda envenená-lo, tomando o poder e o comando da resistência à ocupação das terras de Ngola e Matamba. Não conseguindo a paz com os portugueses em troca de seu reconhecimento como rainha de Matamba, renegou a fé católica, aliou-se aos guerreiros jagas de Oeste e fundou o modelo de resistência e de guerra que constituía o quilombo. Com sua política ardilosa, conseguiu formar uma poderosa coligação com os estados da Matamba, Ndongo, Congo, Kassanje, Dembos e Kissama, e comandou a resistência à ocupação colonial e ao tráfico de escravos no seu reino por cerca de quarenta anos, usando táticas de guerrilhas e de ataques aos fortes coloniais portugueses, incluindo pagamentos com escravos e trocas de reféns. Após a assinatura de um tratado (1656) com o  governador geral, que incluiu a libertação de sua irmã Cambu, então convertida como Dona Bárbara e retida em Luanda por cerca de dez anos pelos portugueses, e sua renúncia aos territórios de Ngola, uma paz relativa voltou ao reino de Matamba até a sua morte, aos 82 anos, sendo sucedida por Cambu, continuadora da memória de sua irmã, mas já estava em curso o declínio da Coligação. Dois anos mais tarde, o Rei do Congo empenhou todas as suas forças para retomar a Ilha de Luanda, ocupada por Correia de Sá, saindo derrotado e perdendo a independência, e no início da década seguinte o Reino do Ndongo foi submetido à Coroa Portuguesa (1771).
 A rainha quilombola de Matamba e Angola tornou-se mítica e foi uma das mulheres e heroínas africanas cuja memória desafiou tempo, dando origem a um imaginário cultural que invadiu o folclore brasileiro com o nome de Ginga, despertou o interesse dos iluministas como no romance Zingha, reine d’Angleterre. Histoire africaine (1769), do escritor francês de Toulouse, Jean-Louis Castilhon, inspirado nos seus feitos, e foi citada no livro L'Histoire de l'Afrique, da publicação Histoire Universelle (1765-1766). Ainda hoje é reverenciada como exemplo de heroína angolana pelos modernos movimentos nacionalistas de Angola. Sua vida tem despertado um crescente interesse dos historiadores, antropólogos e outros estudiosos do período do tráfico de escravos. Sua resistência à ocupação dos portugueses do território angolano e o conseqüente tráfico de escravos, tem sido motivo de intensos estudos para a compreensão de seu momento histórico, caracterizado por sua habilidade política e espírito de liderança desta rainha africana na defesa de sua nação. Também é conhecida como Jinga, Zhinga, Rainha Dona Ana e Rainha Zinga.

Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/

sexta-feira, 1 de março de 2013

Rio de Janeiro

Valsa De Uma Cidade

Vento do mar no meu rosto
E o sol a queimar, queimar
Calçada cheia de gente
A passar e a me ver passar
Rio de Janeiro, gosto de você
Gosto de quem gosta
Deste céu, desse mar,
Dessa gente feliz
Bem que eu quis escrever
Um poema de amor e o amor
Estava em tudo que eu quis
Em tudo quanto eu amei
E no poema que eu fiz
Tinha alguém mais feliz que eu
O meu amor
Que não me quis

Em tudo quanto eu amei
E no poema que eu fiz
Tinha alguém mais feliz que eu
O meu amor
Que não me quis


Vento do mar no meu rosto
E o sol a queimar, queimar
Calçada cheia de gente
A passar e a me ver passar
Rio de Janeiro, gosto de você
Gosto de quem gosta
Deste céu, desse mar,
Dessa gente feliz
Bem que eu quis escrever
Um poema de amor e o amor
Estava em tudo que eu quis
Em tudo quanto eu amei
E no poema que eu fiz
Tinha alguém mais feliz que eu
O meu amor
Que não me quis

Em tudo quanto eu amei
E no poema que eu fiz
Tinha alguém mais feliz que eu
O meu amor
Que não me quis

Ismael Neto e Antonio Maria

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Neandertal...menos inteligente? Não!

Na segunda metade do século XIX, foram descobertos os fósseis de dois ancestrais do homem moderno: o primeiro, no vale de Neandertal, na Alemanha, em 1856; o segundo, na caverna de Cro-Magnon, na França, em 1868. Ao batizar o esqueleto localizado na Alemanha, porém, o paleontólogo William King optou por classificá-lo não como um Homo sapiens, mas como uma subespécie que chamou de Homo neanderthalensis.

Retratado como primitivo, simiesco, canibal e rude, o Neandertal foi visto como o oposto do homem de Cro-Magnon, considerado o ancestral direto do Homo sapiens. Em um estudo publicado em 1911, o professor Marcellin Boule descreve um fóssil de Neandertal encontrado na França, o homem de Chapelle-aux-Saints, da seguinte maneira: “A ausência provável de todo e qualquer sinal de preocupação de ordem estética ou moral combina bem com o aspecto brutal desse corpo vigoroso e pesado, dessa cabeça ossuda, com maxilares robustos, e no qual ainda se afirma a predominância das funções puramente vegetativas ou bestiais”.

O trabalho de Boule contribuiu de forma decisiva para construir a má reputação do Neandertal. Não que sua aparência fosse das mais convidativas: com 1,65 metro de altura, de compleição robusta, ele tem a postura arqueada, sua testa é muito recuada e suas sobrancelhas proeminentes se destacam em uma face alongada, com uma vasta cavidade nasal. Em 1908, o escultor italiano Montecucco reconstituiu o rosto de um Neandertal, dando-lhe uma expressão aterradora, que sugeria a bestialidade. 




No entanto, essa visão começou a mudar a partir de meados do século XX. Em 1939, o antropólogo americano Carleton Coon afirmou que, barbeado, penteado e vestido, o Neandertal “passaria despercebido no metrô de Nova York”. Para ele, a evolução humana era uma sucessão contínua de formas, desde o Homo erectus até o sapiens, e aquilo que até então era considerado uma subespécie representaria na verdade um estágio intermediário entre os dois. As afirmações de Coon contribuíram para mudar o status do Neandertal, e hoje os neodarwinistas já não aceitam separá-lo do homem moderno.

Além da mudança de perspectiva, descobertas realizadas a partir da década de 1960 ajudaram os pesquisadores a conhecer melhor esses homens que viveram na Europa e na Ásia ocidental, no período Paleolítico Médio, entre 250 mil e 28 mil anos atrás, aproximadamente. Os achados revelam que eles produziram uma rica cultura material, chamada musteriana. Hábeis caçadores, fabricavam ferramentas de pedra, além de ornamentos e adereços, o que atesta a presença de preocupações estéticas. E mais: tinham sepulturas e uma linguagem.

Durante dezenas de milhares de anos, o Cro-Magnon e o Neandertal coexistiram e conviveram, sem que o primeiro exterminasse o segundo. Todavia, algumas perguntas continuam sem resposta. De onde veio o Neandertal? Como e por que ele desapareceu? Uma coisa é certa: ele não era tão estúpido assim...
 Olivier Tosseri

Fonte: www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Roupa suja se lava no jornal

O “Annuncio de Antonio José da Cunha” e a “Resposta ao annuncio” por Bernardo José da Costa, impressos por encomenda dos autores na Imprensa Imperial e Nacional, circularam em 1826. Encartados no Diário Fluminense com uma semana de diferença, os documentos contam uma briga de família de folhetim para novelista nenhum botar defeito. Também antecipam a promiscuidade entre público e privado à altura dos tempos de Facebook ou Twitter.
Tudo começa com a publicação do libelo de Antonio José. Danado da vida com o que chamou de “execrável profanação”, divulga um rol impressionante de improbidades cometidas contra sua pessoa por sua esposa, seu genro e sua filha. Explica que, após ausência de três anos, retorna à Corte e ao lar e encontra sua mulher grávida do genro! Este, por sua vez, havia “violado a pudicícia” de sua filha, com quem acabou se casando para reparar o malfeito.
 Com profunda dor de cotovelo, Antonio se esmera na descrição de seus desgostos: sua esposa, “esquecida dos sentimentos de pudor, o mais belo ornamento de seu sexo, quebrou a união conjugal, e que fora seguida de sevícias e (...) escandalosas libertinagens”. Seu sofrimento era tamanho que “as lágrimas involuntariamente corriam de seus olhos”! O leitor quase se solidariza com o infeliz, injustamente “lançado à desonra pública”. Não bastasse, o marido traído acusa a família de se unir para matá-lo, asfixiando-o com um pau e aproveitando sua vulnerabilidade momentânea para derrubá-lo escada abaixo, sem dó nem piedade. Felizmente, Deus fez a sua parte e ele escapou da morte.  Em seguida, a família saqueia sua casa, levando as pratarias e objetos de valor. E ainda foge para providenciar o aborto da criança e dar sumiço às provas do adultério.
Indignado, José da Cunha expôs as mazelas da família
A indignação do marido vai explodir quando, “buscando o caminho das leis, persuadido de que só nelas o cidadão encontra segurança”, se vê diante de um Tribunal “insensível às suas lágrimas e indiferente à causa dos bons costumes”. É a gota d’água! Ele decide que, “se o Altar da Justiça foi só para proteger o crime tão funesto na ordem da sociedade, eu os deixarei entregues à opinião pública, que os conhece e detesta...”. Tenta desmoralizar o sistema jurídico, dizendo que este se valeu de falsos testemunhos para contradizer a acusação, recrutando “mulheres corrompidas e cúmplices”. Além disso,questiona a legitimidade da sentença, uma vez que, segundo ele, tinha tido parecer favorável do próprio imperador.
Corno ou caluniador?
O outro lado da história aparece na semana seguinte, quando o genro conta sua versão usando os mesmos meios do sogro. Encarta no jornal sua “Resposta”, desmentindo todas as acusações do “caluniador” e trazendo novos elementos para o enredo.
Conta que seu casamento com a filha, “a quem ternamente ama”, foi absolutamente legítimo e contou com a aprovação do pai, que inclusive deu como presente de casamento dois escravos, e os convidou para viver em sua casa. E que em hipótese alguma praticaria o abominável “adultério incestuoso” com sua sogra, bem como o aborto do suposto feto. Segundo Bernardo, foi ganância a origem de todo o mal: seu sogro – “chefe cabeçudo, teimoso e insolente” – quis obrigar a esposa a assinar um papel em branco que lhe permitisse  dilapidar o patrimônio familiar e ir embora com o dinheiro.
Bernardo nega veementemente a acusação de tentativa de assassinato. Relata que foi o próprio caluniador que chegou à casa, diante da recusa da esposa a assinar o papel, “levando o seu danado espírito de raiva e impróprio do sexo varonil, qual foi – o entrar a fazer bulha em casa com um pau de machado e ao mesmo tempo gritar (...) contra a mulher, filha, e genro, que o matavam....”. E solta o verbo sem pudor: “Endiabrado homem! Manhoso! Embusteiro!”. Aproveita também para refutar a acusação de roubo.
O genro encerra com eloquência: “Em poucas palavras: Antonio José da Cunha esteve em Santos quatro anos menos quatro meses, vivendo como ele quis, sem querer saber da família que aqui deixara; sem lhe mandar socorro algum para a sua subsistência; precisando sua mulher e filha lavar e engomar roupas de estranhos para viverem.” Ora, quem vai à roça perde a carroça, amigo!
Diante de tal discrepância de relatos, não seria possível tomar partido. Afinal, apesar de ambos apelarem para o juízo da opinião pública, diz o ditado que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Mas que a fila anda, anda..
Por Lia Jordão
 
 
 

domingo, 17 de junho de 2012

Para Gostar de Ler...9


HÁ MOMENTOS

Clarice Lispector
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Hans Staden - prisioneiro dos Tupinambás

Hans Staden _ Tupinambás

Hans Staden, aventureiro mercenário alemão do século XVI,  passou maus bocados em território brasileiro, em 1549. Esteve no Brasil por duas vezes e participou de combates nas capitanias de Pernambuco e de São Vicente contra navegadores franceses e seus aliados indígenas.
Em sua primeira viagem às terras brasileiras, rumou ao município de Igaraçu, próximo a Olinda, em um navio onde ajudou o governador de Pernambuco a lutar e combater revoltosos indígenas. Sua segunda viagem foi mais marcante e resultou em sua obra mais conhecida. Staden chegou à América do Sul em 1549, e ajudou os colonos portugueses a defender o Forte São Dilipe da Bertioga, que se localizava nas proximidades da cidade.
Enquanto caçava sozinho, Hans foi preso por uma tribo tupinambá que o conduziu à aldeia de Ubatuba, localizada na atual cidade de Paraty, no Rio de Janeiro. A tribo tupinambá praticava o ato de antropofagia, conforme narrado a seguir.

A prática antropofágica constituía o momento culminante do processo cultural Tupi que encontrava na guerra e na execução ritual dos prisioneiros a meta e o motivo fundamental da própria identidade cultural. Os Tupinambás não se beneficiavam tanto das energias do prisioneiro, e sim da substância do parente que aquele havia (eventualmente) comido e do qual eles buscavam a reapropriação. Tratar-se-ia, pois, nos termos sociológicos caros a Fernandes, da recuperação da integridade da coletividade, projetada num plano religioso através da representação (tal como aparece para nós, ocidentais, hoje) de uma exigência (feita pelos próprios espíritos) das vítimas e de seu sacrifício. ‘O sacrifício não era causado pela ação dos inimigos, mas por necessidades do ‘espírito’ do parente morto por eles’ (FERNANDES apud AGNOLIN, 2002).

  Estavam claras, portanto, as intenções da tribo em relação ao alemão: devorá-lo. Pouco tempo após sua captura, os índios tupiniquins, aliados dos portugueses, atacaram a aldeia em que estava refém. Obrigado pelos tubinambás, Hans Staden lutou contra a tribo inimiga e tornou-se então um troféu de guerra por seus captores. Após muita luta para ser salvo, foi enfim resgatado por um navio corsário francês (Catherine de Vatteville), depois de mais de nove meses aprisionado.
Assim que voltou para a Europa, redigiu um relato sobre sua estada no Brasil em poder da tribo tupinambá e os costumes do povo indígena sul-americano. A obra intituladaHistória Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América, Desconhecida antes e depois de Jesus Cristo nas Terras de Hessen até os Dois Últimos Anos, Visto que Hans Staden, de Homberg, em Hessen, a Conheceu por Experiência Própria e agora a Traz a Público com essa Impressão, também conhecida pelo nome “Duas Viagens ao Brasil”, foi publicada em Marburgo, na Alemanha, por Andres Colben em 1557.
  A obra tornou-se um dos maiores e melhores relatos do período do Brasil colonial, além de sua influência para a imagem geradora dos estrangeiros sobre o nosso país, ainda em voga nos dias atuais.

Fonte: http://lancamentos.moderna.com.br

domingo, 18 de março de 2012

Para gostar de ler 8 - " No Caminho com Maiakovski"

 
Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!
Eduardo Alves da Costta
 
Fonte ilustração: site - cabar3.blogspot.com.br
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