sábado, 4 de setembro de 2010

HQs africanas

Suka Epoque, do Congo
Todos nós conhecemos as HQs que tem como cenário a África, mas não sabemos quase nada do que se publica por lá. O continente é composto por 52 países - de etnias, culturas e religiões diversas -, e na maioria das vezes, as informações e imagens dos quadrinhos nos chegam através do exótico, da informação estereotipada e preconceituosa, seja do ponto de vista europeu, americano, asiático e até mesmo brasileiro. Nas histórias de aventuras de HQ, a África é mostrada como um lugar misterioso, sem fronteiras definidas, onírico, mítico, legendário, romântico, mas também paupérrimo, primitivo e sem cultura.
O uso de imagens sequenciais gravadas também está presente na antiguidade africana através do registro feito pelos caçadores que expunham os seus feitos nos muros de suas casas com desenhos de animais abatidos. Em algumas culturas negras, o trono dos reis, os templos e locais sagrados eram decorados com figuras e desenhos que contavam em imagens as sucessivas façanhas e histórias de sua gente. Sem falar do Egito, com uma história de 3200 anos e a Tunísia, cuja antiga capital Cartago, foi fundada pelos fenícios em 814 a.C. Ambos o berço das imagens sequenciais. 

HQ - Namíbia
Um novo contexto

Hoje a produção de HQ em muitos países é uma realidade, mas o caminho percorrido foi longo e esteve em função de iniciativas de muitas organizações, associações, exibições e festivais. Esta produção da África negra reflete a tradição oral e as HQs podem ser encaradas como um ponto de articulação entre a oralidade e a escrita, a tradição e a modernidade, e está calcada em três tipos de categorias: revistas ou álbuns de quadrinhos produzidos por europeus; coproduções entre europeus e africanos e, a terceira, de africanos propriamente ditos. As HQs estão também nos jornais diários, que permitiram em primeira instância aos quadrinhos florescerem e se abrirem ao grande público. Em geral, entre os temas abordados estão à crítica social e política de forma bem aberta, revelando liberdade de pensamento de seus autores às duras custas dentro dos regimes totalitários e censura da imprensa. Estas conquistas devem-se, principalmente, à atuação das associações de quadrinhos formadas em toda África. Desta forma, a África de Tarzan, do Fantasma e de tantos outros heróis que tinham o continente negro idealizado ou imaginado como cenário muitas vezes preconceituoso, parece bem distante neste novo contexto. Ela foi boa enquanto durou como aventura escapista, fosse pelos duros golpes sofridos na década de 1930 pela população mundial depois da quebra da Bolsa de Nova York ou por puro entretenimento. 
Goorgoorlou, muito popular no Senegal
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