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segunda-feira, 11 de março de 2013

A rainha Ginga...Nzinga Mbandi Ngola


 1587-1663
Indomável e inteligente soberana (1624-1663) do povoGinga de Matamba e Angola e nascida em Cabassa, interior de Matamba, que altaneira e silenciosa conseguiu juntar vários povos na sua luta contra os invasores portugueses e resistiu até ao fim sem nunca ter sido capturada, tornando-se conhecida pela sua coragem e argúcia. Do grupo étnico Mbundu, era filha do rei dos mbundus no território Ndongo, hoje em Angola, e Matamba, Ngola Kiluanji, foi contemporânea de Zumbi dos Palmares (1655-1695), o grande herói afro-brasileiro, ambos pareceram compartilhar de um tempo e de um espaço comum de resistência: o quilombo. Enviada a Luanda pelo seu meio irmão e rei Ngola Mbandi, para negociar com os portugueses, foi recebida pelo governador geral e pediu a devolução de territórios em troca da sua conversão política ao cristianismo, recebendo o nome de D. Anna de Sousa.
 Depois os portugueses não respeitaram o tratado de paz, e criaram uma situação de desordem no reino de Ngola. A enérgica guerreira, diante da gravidade da situação e da hesitação de seu irmão manda envenená-lo, tomando o poder e o comando da resistência à ocupação das terras de Ngola e Matamba. Não conseguindo a paz com os portugueses em troca de seu reconhecimento como rainha de Matamba, renegou a fé católica, aliou-se aos guerreiros jagas de Oeste e fundou o modelo de resistência e de guerra que constituía o quilombo. Com sua política ardilosa, conseguiu formar uma poderosa coligação com os estados da Matamba, Ndongo, Congo, Kassanje, Dembos e Kissama, e comandou a resistência à ocupação colonial e ao tráfico de escravos no seu reino por cerca de quarenta anos, usando táticas de guerrilhas e de ataques aos fortes coloniais portugueses, incluindo pagamentos com escravos e trocas de reféns. Após a assinatura de um tratado (1656) com o  governador geral, que incluiu a libertação de sua irmã Cambu, então convertida como Dona Bárbara e retida em Luanda por cerca de dez anos pelos portugueses, e sua renúncia aos territórios de Ngola, uma paz relativa voltou ao reino de Matamba até a sua morte, aos 82 anos, sendo sucedida por Cambu, continuadora da memória de sua irmã, mas já estava em curso o declínio da Coligação. Dois anos mais tarde, o Rei do Congo empenhou todas as suas forças para retomar a Ilha de Luanda, ocupada por Correia de Sá, saindo derrotado e perdendo a independência, e no início da década seguinte o Reino do Ndongo foi submetido à Coroa Portuguesa (1771).
 A rainha quilombola de Matamba e Angola tornou-se mítica e foi uma das mulheres e heroínas africanas cuja memória desafiou tempo, dando origem a um imaginário cultural que invadiu o folclore brasileiro com o nome de Ginga, despertou o interesse dos iluministas como no romance Zingha, reine d’Angleterre. Histoire africaine (1769), do escritor francês de Toulouse, Jean-Louis Castilhon, inspirado nos seus feitos, e foi citada no livro L'Histoire de l'Afrique, da publicação Histoire Universelle (1765-1766). Ainda hoje é reverenciada como exemplo de heroína angolana pelos modernos movimentos nacionalistas de Angola. Sua vida tem despertado um crescente interesse dos historiadores, antropólogos e outros estudiosos do período do tráfico de escravos. Sua resistência à ocupação dos portugueses do território angolano e o conseqüente tráfico de escravos, tem sido motivo de intensos estudos para a compreensão de seu momento histórico, caracterizado por sua habilidade política e espírito de liderança desta rainha africana na defesa de sua nação. Também é conhecida como Jinga, Zhinga, Rainha Dona Ana e Rainha Zinga.

Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Neandertal...menos inteligente? Não!

Na segunda metade do século XIX, foram descobertos os fósseis de dois ancestrais do homem moderno: o primeiro, no vale de Neandertal, na Alemanha, em 1856; o segundo, na caverna de Cro-Magnon, na França, em 1868. Ao batizar o esqueleto localizado na Alemanha, porém, o paleontólogo William King optou por classificá-lo não como um Homo sapiens, mas como uma subespécie que chamou de Homo neanderthalensis.

Retratado como primitivo, simiesco, canibal e rude, o Neandertal foi visto como o oposto do homem de Cro-Magnon, considerado o ancestral direto do Homo sapiens. Em um estudo publicado em 1911, o professor Marcellin Boule descreve um fóssil de Neandertal encontrado na França, o homem de Chapelle-aux-Saints, da seguinte maneira: “A ausência provável de todo e qualquer sinal de preocupação de ordem estética ou moral combina bem com o aspecto brutal desse corpo vigoroso e pesado, dessa cabeça ossuda, com maxilares robustos, e no qual ainda se afirma a predominância das funções puramente vegetativas ou bestiais”.

O trabalho de Boule contribuiu de forma decisiva para construir a má reputação do Neandertal. Não que sua aparência fosse das mais convidativas: com 1,65 metro de altura, de compleição robusta, ele tem a postura arqueada, sua testa é muito recuada e suas sobrancelhas proeminentes se destacam em uma face alongada, com uma vasta cavidade nasal. Em 1908, o escultor italiano Montecucco reconstituiu o rosto de um Neandertal, dando-lhe uma expressão aterradora, que sugeria a bestialidade. 




No entanto, essa visão começou a mudar a partir de meados do século XX. Em 1939, o antropólogo americano Carleton Coon afirmou que, barbeado, penteado e vestido, o Neandertal “passaria despercebido no metrô de Nova York”. Para ele, a evolução humana era uma sucessão contínua de formas, desde o Homo erectus até o sapiens, e aquilo que até então era considerado uma subespécie representaria na verdade um estágio intermediário entre os dois. As afirmações de Coon contribuíram para mudar o status do Neandertal, e hoje os neodarwinistas já não aceitam separá-lo do homem moderno.

Além da mudança de perspectiva, descobertas realizadas a partir da década de 1960 ajudaram os pesquisadores a conhecer melhor esses homens que viveram na Europa e na Ásia ocidental, no período Paleolítico Médio, entre 250 mil e 28 mil anos atrás, aproximadamente. Os achados revelam que eles produziram uma rica cultura material, chamada musteriana. Hábeis caçadores, fabricavam ferramentas de pedra, além de ornamentos e adereços, o que atesta a presença de preocupações estéticas. E mais: tinham sepulturas e uma linguagem.

Durante dezenas de milhares de anos, o Cro-Magnon e o Neandertal coexistiram e conviveram, sem que o primeiro exterminasse o segundo. Todavia, algumas perguntas continuam sem resposta. De onde veio o Neandertal? Como e por que ele desapareceu? Uma coisa é certa: ele não era tão estúpido assim...
 Olivier Tosseri

Fonte: www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/

sábado, 14 de maio de 2011

Contos Medievais - O imperador e o bandido

Imperador Carlos Magno
Carlos Magno estava uma noite dormindo em seu palácio, não longe de Frankfurt, quando viu em sonho um anjo rodeado de uma auréola brilhante de luz sobrenatural. O anjo se colocou diante do Imperador, e o saudou com estas palavras:
— Levanta-te, grande Imperador, e escuta a voz de Deus que fala por meus lábios. É necessário que saias esta noite sem que ninguém te acompanhe, para fazer um roubo. Se queres viver, obedece.

Acordou Carlos Magno, estranhando muito o que havia visto no sonho. E adormeceu de novo com isto na cabeça. Outra vez viu o anjo, que diante dele ordenava:
— Levanta-te, ó rei, prepara-te para cumprir as ordens que te dei. É para o teu bem e salvação do Império. Deus se serve de mim para dar-te a conhecer a sua imutável vontade.

Carlos Magno acordou e ficou pensativo a respeito duas aparições, mas adormeceu de novo. O anjo do Senhor o despertou com redobrada insistência, e exigiu com energia que se levantasse e saísse para roubar.
 Levantando-se, decidiu obedecer e sair do palácio para fazer o tal roubo. Em vão se esforçou para descobrir o sentido das palavras do anjo, que mandava um Imperador honrado fazer uma ação tão desonrosa.
— Para que hei de roubar? — pensava Carlos Magno. — Eu, o homem mais poderoso, o dono absoluto das terras que se estendem desde o Danúbio até os extremos da Espanha, hei de passar por ladrão, como o mais miserável dos meus súditos? Que fiz eu? Desgraçado de mim! Que fiz, para merecer tal castigo da justiça divina?
Mas como a aparição falara três vezes de forma categórica, decidiu obedecer a ordem recebida.
— Bem, roubarei, serei um ladrão, serei enforcado, se for preciso, pois Deus assim o quer.
E o Imperador de barba florida se levantou, vestiu-se, tomou suas brilhantes armaduras e saiu do palácio. Passou pelo dormitório e refeitório dos servidores e escudeiros, que não o perceberam, pois estavam tomados de um pesado sono. Foi à estrebaria, selou seu cavalo favorito e saiu do castelo. Dirigiu-se à selva vizinha, e ia pensando:
— Sendo Deus que manifestou sua vontade, e quer que eu faça uma coisa que me causa horror desde minha infância, eu a farei. Mas não sei como fazê-la, por isso vou procurar o famoso ladrão Elbegasto, que eu persegui sem tréguas. Neste momento ele me será útil. E se lembrou de como havia desterrado por uma pequena falta o nobre Elbegasto, e desde então se havia transformado num ladrão. Seria então esta atitude para com Elbegasto, que fazia Carlos Magno estar pagando aquela expiação? Então a alma de Carlos Magno se encheu de compaixão para com a desgraçada vítima de suas iras, e admirou com humildade a justiça e os desígnios de Deus.

Na pálida luz da lua, o Imperador viu vir em sua direção um cavaleiro solitário. Este parecia igualmente ter visto Carlos Magno, e avançou de maneira que prontamente se iriam encontrar. O cavaleiro estava com uma armadura toda negra, que o cobria da cabeça aos pés, e montava também um cavalo negro. Chegou diante de Carlos Magno e o examinou com curiosa atenção, pois queria saber quem era este que cavalgava solitário pela floresta.

A cor negra do silencioso cavaleiro não parecia a Carlos Magno bom pressentimento. Tremia, pensando que poderia ser o próprio demônio, que tinha vindo ao seu encontro para perdê-lo. Por fim o misterioso cavaleiro falou com altaneria:
— Quem sois vós, coberto por branca armadura, que andais na noite, pelos caminhos sombrios da selva? Sois talvez um servidor do rei, que buscais neste bosque a pista de Elbegasto? Se cavalgais com esse objetivo, desisti, porque fracassareis. Mais rápido que o vento, mais astuto que os conselheiros do rei, esse homem conhece esconderijos e lugares selvagens, melhor que o veado e a raposa.
— Meu caminho não é o vosso — respondeu Carlos Magno. — Somente o Imperador tem direito de pedir conta de minhas ações. E se o que disse não é de vosso gosto, estou disposto a sustentá-lo como convém a um cavaleiro.
Dizendo isto, tirou sua espada da bainha e se preparou para o combate. No mesmo instante o cavaleiro negro fez reluzir o branco aço de sua espada e começou a lutar. O estrangeiro descarregou tão tremendo golpe no elmo de Carlos Magno, que a lâmina se quebrou em vários pedaços, e ele se encontrou indefeso. Carlos Magno ficou envergonhado de matar seu adversário desarmado, e lhe disse:
— Não quero vossa vida. Ficareis livre, se me disserdes quem sois e por que motivo andais por estes lugares.
— Eu sou Elbegasto — respondeu o outro. — Desde o dia em que perdi minha fortuna e Carlos Magno me expulsou do país, tenho procurado sobreviver por meio do roubo e do banditismo. Até aqui ninguém me venceu nesta minha humilhante carreira. Só vós o fizeste. E como me tratastes com generosidade e nobreza, dizei-me o que posso fazer para ajudar-vos, para testemunhar o meu agradecimento.
— Se sois o famoso bandido Elbegasto, cuja cabeça está a prêmio pelo Imperador, podeis testemunhar vosso reconhecimento se me ajudardes a cometer um roubo. Empreendi esta incursão noturna para roubar o Imperador. Vossa ajuda pode me ser útil para esse objetivo. Vinde pois comigo, e realizaremos um roubo juntos.
O bandido respondeu:
— Um momento! Jamais roubei a mínima coisa do rei. Se me tirou a fortuna e me desterrou, o fez por mentiras dos seus maus conselheiros. Longe de mim querer causar o menor dano ao meu senhor. Eu roubo somente aqueles que fizeram sua riqueza por meio do roubo, da cobiça ou do engano. Conheceis o conde Egerico de Egermonde? Vamos ao seu castelo. Ele tem arruinado homens honrados, e não vacilaria em roubar o Imperador de seu trono e tirar-lhe a vida, se tivesse meios para isto.

Carlos Magno se alegrou interiormente, descobrindo um profundo sentimento de fidelidade em Elbegasto, e lhe disse:
— Tu me acompanharás ao palácio de Egerico!
E juntos se dirigiram ao palácio do conde.

Quando lá chegaram, Elbegasto descobriu um meio de entrar no palácio, fazendo uma escalada no muro. Entraram no quarto do conde, pois Elbegasto sabia abrir facilmente fechaduras sem fazer ruído. O conde, que tinha sono leve, disse à sua esposa:
— Deve haver ladrões no castelo, vou ver.

Levantou-se rapidamente, acendeu uma tocha e percorreu os corredores e os quartos. Carlos e Elbegasto tiveram tempo de se esconder atrás de uma cortina do quarto do conde, onde ele não podia imaginar que estivessem, e não foram descobertos. Egerico apagou a tocha e voltou para a cama. Então sua esposa lhe disse:
— Egerico, é certo que ninguém entrou no palácio. Penso que alguma preocupação o aflige, e é isto que o impede de repousar. Sua alma está perturbada por algum perigo imaginário. Diga-me o que o preocupa, para eu o ajudar.
— Já que a execução de meus planos será amanhã, vou lhe dizer. Fiz uma combinação com doze cavaleiros, de assassinarmos o Imperador, pois ele nos proibiu de cobrar tributos aos viajantes pelo caminho real. Ninguém sabe deste propósito, e te peço que guardes silêncio, caso contrário nem tua vida estará segura.

O Imperador não perdeu nenhuma palavra desse diálogo. Quando o conde e sua esposa adormeceram, os dois saíram silenciosamente de seu esconderijo, e fora do castelo combinaram que Elbegasto iria até o Imperador para avisá-lo, mesmo que corresse o risco de ser preso. Carlos rapidamente regressou para o palácio.

No dia seguinte, muito cedo, apresentou-se Elbegasto no palácio e pediu para falar com o Imperador. Este havia convocado todo o conselho, e foi ali que ouviu o relato do nobre. Então Carlos Magno se pôs de pé e disse:

— Sonhei esta noite que o conde Egerico viria ao palácio com doze dos seus, com a intenção de assassinar-me, da mesma forma que o bandido Elbegasto descreveu. Sua ira contra mim tem por causa a proibição que fiz, de obrigar os viajantes do caminho real a que paguem impostos a esses cavaleiros, que têm a alma de ladrões. Cuidei, pois, de que houvesse suficiente número de soldados para intervir, se fosse necessário.

Pelo meio-dia Egerico chegou com seus homens, e no momento em que entraram na sala real foram presos pelos soldados. Debaixo de suas roupas foram encontradas armas escondidas. Surpreendidos e desconcertados, os bandidos 
quiseram negar seus sinistros propósitos. Mas Elbegasto desafiou o desleal vassalo a singular combate, para que Deus fizesse justiça, e a cabeça de Egerico rolou, justamente cortada pelo golpe vigoroso de Elbegasto.

O Imperador chamou Elbegasto e o perdoou publicamente, dando-lhe o cargo de conselheiro, com a condição de que renunciasse às suas atividades desleais.


Fonte:http://contoselendasmedievais.blogspot.com 
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