Hans Staden _ Tupinambás |
Hans Staden, aventureiro
mercenário alemão do século XVI, passou maus
bocados em território brasileiro, em 1549. Esteve no
Brasil por duas vezes e participou de combates nas capitanias de
Pernambuco e de São Vicente contra navegadores franceses e seus aliados
indígenas.
Em sua primeira viagem às terras brasileiras, rumou ao município de
Igaraçu, próximo a Olinda, em um navio onde ajudou o governador de
Pernambuco a lutar e combater revoltosos indígenas. Sua segunda viagem
foi mais marcante e resultou em sua obra mais conhecida. Staden chegou à América do Sul em 1549, e ajudou os
colonos portugueses a defender o Forte São Dilipe da Bertioga, que se
localizava nas proximidades da cidade.
Enquanto caçava sozinho, Hans foi preso por uma tribo tupinambá que o
conduziu à aldeia de Ubatuba, localizada na atual cidade de Paraty, no
Rio de Janeiro. A tribo tupinambá praticava o ato de antropofagia,
conforme narrado a seguir.
A prática antropofágica constituía o momento culminante do processo cultural Tupi que encontrava na guerra e na execução ritual dos prisioneiros a meta e o motivo fundamental da própria identidade cultural. Os Tupinambás não se beneficiavam tanto das energias do prisioneiro, e sim da substância do parente que aquele havia (eventualmente) comido e do qual eles buscavam a reapropriação. Tratar-se-ia, pois, nos termos sociológicos caros a Fernandes, da recuperação da integridade da coletividade, projetada num plano religioso através da representação (tal como aparece para nós, ocidentais, hoje) de uma exigência (feita pelos próprios espíritos) das vítimas e de seu sacrifício. ‘O sacrifício não era causado pela ação dos inimigos, mas por necessidades do ‘espírito’ do parente morto por eles’ (FERNANDES apud AGNOLIN, 2002).
Estavam claras, portanto, as intenções da tribo em relação ao alemão:
devorá-lo. Pouco tempo após sua captura, os índios tupiniquins, aliados
dos portugueses, atacaram a aldeia em que estava refém. Obrigado pelos
tubinambás, Hans Staden lutou contra a tribo inimiga e tornou-se então
um troféu de guerra por seus captores. Após muita luta para ser salvo,
foi enfim resgatado por um navio corsário francês (Catherine de
Vatteville), depois de mais de nove meses aprisionado.
Assim que voltou para a Europa, redigiu um relato sobre sua estada no
Brasil em poder da tribo tupinambá e os costumes do povo indígena
sul-americano. A obra intitulada “História Verdadeira e Descrição de
uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos,
Situada no Novo Mundo da América, Desconhecida antes e depois de Jesus
Cristo nas Terras de Hessen até os Dois Últimos Anos, Visto que Hans
Staden, de Homberg, em Hessen, a Conheceu por Experiência Própria e
agora a Traz a Público com essa Impressão“, também conhecida pelo nome “Duas Viagens ao Brasil”, foi publicada em Marburgo, na Alemanha, por Andres Colben em 1557.
A obra tornou-se um dos maiores e melhores relatos
do período do Brasil colonial, além de sua influência para a imagem
geradora dos estrangeiros sobre o nosso país, ainda em voga nos dias
atuais.
Fonte: http://lancamentos.moderna.com.br
Para saber mais: http://cienciahoje.uol.com.br/revista
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