Na segunda metade do século XIX, foram descobertos
os fósseis de dois ancestrais do homem moderno: o primeiro, no vale de
Neandertal, na Alemanha, em 1856; o segundo, na caverna de Cro-Magnon,
na França, em 1868. Ao batizar o esqueleto localizado na Alemanha,
porém, o paleontólogo William King optou por classificá-lo não como um Homo sapiens, mas como uma subespécie que chamou de Homo neanderthalensis.
Retratado como primitivo, simiesco, canibal e rude, o Neandertal foi visto como o oposto do homem de Cro-Magnon, considerado o ancestral direto do Homo sapiens. Em um estudo publicado em 1911, o professor Marcellin Boule descreve um fóssil de Neandertal encontrado na França, o homem de Chapelle-aux-Saints, da seguinte maneira: “A ausência provável de todo e qualquer sinal de preocupação de ordem estética ou moral combina bem com o aspecto brutal desse corpo vigoroso e pesado, dessa cabeça ossuda, com maxilares robustos, e no qual ainda se afirma a predominância das funções puramente vegetativas ou bestiais”.
O trabalho de Boule contribuiu de forma decisiva para construir a má reputação do Neandertal. Não que sua aparência fosse das mais convidativas: com 1,65 metro de altura, de compleição robusta, ele tem a postura arqueada, sua testa é muito recuada e suas sobrancelhas proeminentes se destacam em uma face alongada, com uma vasta cavidade nasal. Em 1908, o escultor italiano Montecucco reconstituiu o rosto de um Neandertal, dando-lhe uma expressão aterradora, que sugeria a bestialidade.
Retratado como primitivo, simiesco, canibal e rude, o Neandertal foi visto como o oposto do homem de Cro-Magnon, considerado o ancestral direto do Homo sapiens. Em um estudo publicado em 1911, o professor Marcellin Boule descreve um fóssil de Neandertal encontrado na França, o homem de Chapelle-aux-Saints, da seguinte maneira: “A ausência provável de todo e qualquer sinal de preocupação de ordem estética ou moral combina bem com o aspecto brutal desse corpo vigoroso e pesado, dessa cabeça ossuda, com maxilares robustos, e no qual ainda se afirma a predominância das funções puramente vegetativas ou bestiais”.
O trabalho de Boule contribuiu de forma decisiva para construir a má reputação do Neandertal. Não que sua aparência fosse das mais convidativas: com 1,65 metro de altura, de compleição robusta, ele tem a postura arqueada, sua testa é muito recuada e suas sobrancelhas proeminentes se destacam em uma face alongada, com uma vasta cavidade nasal. Em 1908, o escultor italiano Montecucco reconstituiu o rosto de um Neandertal, dando-lhe uma expressão aterradora, que sugeria a bestialidade.
Além da mudança de perspectiva, descobertas realizadas a partir da década de 1960 ajudaram os pesquisadores a conhecer melhor esses homens que viveram na Europa e na Ásia ocidental, no período Paleolítico Médio, entre 250 mil e 28 mil anos atrás, aproximadamente. Os achados revelam que eles produziram uma rica cultura material, chamada musteriana. Hábeis caçadores, fabricavam ferramentas de pedra, além de ornamentos e adereços, o que atesta a presença de preocupações estéticas. E mais: tinham sepulturas e uma linguagem.
Durante dezenas de milhares de anos, o Cro-Magnon e o Neandertal coexistiram e conviveram, sem que o primeiro exterminasse o segundo. Todavia, algumas perguntas continuam sem resposta. De onde veio o Neandertal? Como e por que ele desapareceu? Uma coisa é certa: ele não era tão estúpido assim...
Olivier Tosseri
Fonte: www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/
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