sexta-feira, 4 de maio de 2012

Hans Staden - prisioneiro dos Tupinambás

Hans Staden _ Tupinambás

Hans Staden, aventureiro mercenário alemão do século XVI,  passou maus bocados em território brasileiro, em 1549. Esteve no Brasil por duas vezes e participou de combates nas capitanias de Pernambuco e de São Vicente contra navegadores franceses e seus aliados indígenas.
Em sua primeira viagem às terras brasileiras, rumou ao município de Igaraçu, próximo a Olinda, em um navio onde ajudou o governador de Pernambuco a lutar e combater revoltosos indígenas. Sua segunda viagem foi mais marcante e resultou em sua obra mais conhecida. Staden chegou à América do Sul em 1549, e ajudou os colonos portugueses a defender o Forte São Dilipe da Bertioga, que se localizava nas proximidades da cidade.
Enquanto caçava sozinho, Hans foi preso por uma tribo tupinambá que o conduziu à aldeia de Ubatuba, localizada na atual cidade de Paraty, no Rio de Janeiro. A tribo tupinambá praticava o ato de antropofagia, conforme narrado a seguir.

A prática antropofágica constituía o momento culminante do processo cultural Tupi que encontrava na guerra e na execução ritual dos prisioneiros a meta e o motivo fundamental da própria identidade cultural. Os Tupinambás não se beneficiavam tanto das energias do prisioneiro, e sim da substância do parente que aquele havia (eventualmente) comido e do qual eles buscavam a reapropriação. Tratar-se-ia, pois, nos termos sociológicos caros a Fernandes, da recuperação da integridade da coletividade, projetada num plano religioso através da representação (tal como aparece para nós, ocidentais, hoje) de uma exigência (feita pelos próprios espíritos) das vítimas e de seu sacrifício. ‘O sacrifício não era causado pela ação dos inimigos, mas por necessidades do ‘espírito’ do parente morto por eles’ (FERNANDES apud AGNOLIN, 2002).

  Estavam claras, portanto, as intenções da tribo em relação ao alemão: devorá-lo. Pouco tempo após sua captura, os índios tupiniquins, aliados dos portugueses, atacaram a aldeia em que estava refém. Obrigado pelos tubinambás, Hans Staden lutou contra a tribo inimiga e tornou-se então um troféu de guerra por seus captores. Após muita luta para ser salvo, foi enfim resgatado por um navio corsário francês (Catherine de Vatteville), depois de mais de nove meses aprisionado.
Assim que voltou para a Europa, redigiu um relato sobre sua estada no Brasil em poder da tribo tupinambá e os costumes do povo indígena sul-americano. A obra intituladaHistória Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América, Desconhecida antes e depois de Jesus Cristo nas Terras de Hessen até os Dois Últimos Anos, Visto que Hans Staden, de Homberg, em Hessen, a Conheceu por Experiência Própria e agora a Traz a Público com essa Impressão, também conhecida pelo nome “Duas Viagens ao Brasil”, foi publicada em Marburgo, na Alemanha, por Andres Colben em 1557.
  A obra tornou-se um dos maiores e melhores relatos do período do Brasil colonial, além de sua influência para a imagem geradora dos estrangeiros sobre o nosso país, ainda em voga nos dias atuais.

Fonte: http://lancamentos.moderna.com.br

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