domingo, 29 de maio de 2011

Cristovam Buarque: "Ameniza e não muda"


O Zé e seu "jeitinho brasileiro"
O Brasil é um país de alta criatividade em políticas sociais, com saídas para amenizar, não para mudar a realidade. A criatividade começou na escravidão, ao invés de aboli-la recorremos à Lei do Ventre Livre. Os escravos sexagenários, os velhos, eram libertados, um eufemismo para abandonados. Até a Abolição da Escravatura aconteceu sem oferecer educação nem terra para os ex-escravos e seus filhos. A Abolição foi um eufemismo para a expulsão dos escravos das fazendas para as favelas.

Modernamente também temos sido campeões de imaginação para soluções parciais.

Como o salário não era suficiente para pagar o transporte do trabalhador até o local de trabalho, ao invés de aumento salarial, criamos o vale-transporte, como se fosse um grande benefício social, quando, na verdade, foi um serviço à economia: garantir a presença do trabalhador na fábrica. A regra é a mesma para o vale-refeição. O salário não era suficiente para assegurar a alimentação mínima de um trabalhador, então a solução foi garantir a alimentação do trabalhador, mesmo que suas famílias continuassem sem comida.

Quando a inflação ficou endêmica, ao invés de combatê-la (só enfrentada em 1994), criou-se a correção monetária, que garantia moeda estável para quem tivesse acesso às artimanhas do mercado financeiro, enquanto o povo continuava com seus salários cada vez mais desvalorizados.

Hoje, quando o país vive um apagão de mão de obra qualificada, corremos para fazer escolas técnicas, esquecendo que sem o ensino fundamental os alunos não terão condições de aproveitar os cursos profissionalizantes.

A Bolsa Escola foi criada para revolucionar a escola. Como isso não foi feito, ela se transformou na Bolsa Família, sendo mais uma das soluções compensatórias agregada ao vale-alimentação e vale-gás.


As universidades boas e gratuitas são reservadas para os que podem pagar escolas privadas no ensino básico. No lugar de fazer boas escolas para todos, criamos o PROUNI e cotas para negros e índios. O Brasil melhora com essas medidas, mas não enfrenta o problema e acomoda a população, como se agora todos já fossem iguais. Promovem-se benefícios com soluções provisórias, como se elas resolvessem o problema.

A solução adiada seria uma revolução que assegurasse escola de qualidade para todas as crianças, em um programa que se espalharia pelo país, onde todas as escolas fossem federais, como o Colégio Pedro II, as escolas técnicas militares, os colégios de aplicação das universidades.

Quando a desigualdade social força a separação entre pobres e ricos que se estranham, ao invés de superar a desigualdade constroem-se muros em shoppings e condomínios, separando as classes sociais. Para impedir a convivência de classes, impedimos estações de metrô em bairros ricos, o que mostra um total desinteresse desses habitantes pelo transporte público.

Falta professor de Física, retira-se Física do currículo. Os alunos não aprendem, adotamos progressão automática. O Congresso não funciona, o STF passa a legislar. A população fala Português errado, em vez de ensinar o correto a todos legitimamos a fala errada para a parte da população sem acesso à educação. Adotamos dois idiomas: o Português dos ricos educados e o Português dos pobres sem educação; o Português dos condomínios e o Português das ruas.

Ao invés de combater o preconceito e a desigualdade, legalizamos a desigualdade.

Ao invés de fazer as mudanças da estrutura para construir um sistema social eficiente, equilibrado, integrado e justo optamos por simples lubrificantes das engrenagens desencontradas da sociedade. Nossas soluções podem até ser criativas, mas são burras e injustas. É a sociedade acomodando suas deficiências. Ao invés de enfrentar e resolver os problemas, nossa criatividade ajusta a sociedade a conviver com eles. E adia e agrava os problemas porque ilude a mente e acomoda a política.

Cristovam Buarque é professor da Universidade de Brasília e Senador pelo DF.

A história das armas de fogo

Metralhadoras gatling/séc.XIX - armas ligeiras
As primeiras delas, ainda improvisadas, provavelmente surgiram na China logo após a invenção da pólvora, no século IX. Em tubos de bambu, essa mistura de salitre, enxofre e carvão vegetal que explode em contato com o fogo era usada para atirar pedras. Os árabes aperfeiçoaram o invento no século XIII, quando os canhões passaram a ser feitos de madeira e reforçados com cintas de ferro. Mas a contribuição decisiva veio no século XIV, quando surgiram os primeiros canhões de bronze, mais seguros. "O canhão abre caminho para a evolução tanto do armamento pesado quanto do individual", diz o historiador João Fábio Bertonha, da Universidade Estadual de Maringá, Paraná. As primeiras armas de fogo portáteis aparecem no século XV. "É uma verdadeira revolução: os soldados ganham outra importância e as táticas de guerra mudam completamente", afirma João Fábio. A primeira arma individual amplamente usada em batalhas é o mosquete, criado no século XVI. Mas a invenção é lenta e tem péssima pontaria.
Canhão
No século seguinte, com o fuzil de pederneira, a pontaria melhora, mas muitos disparos falham e o soldado ainda precisa abastecer manualmente a arma com a pólvora e o projétil. No século XIX, a criação dos cartuchos e dos mecanismos de carregamento pela culatra tornou as armas mais confiáveis e impulsionou de vez a tecnologia bélica. O ponto culminante foi a automação, com a invenção da metralhadora em 1884. Para completar, os modelos de submetralhadoras, fuzis de assalto e pistolas automáticas do final do século XX tornaram infinitamente mais preciso - e perigoso - o poder de destruição das armas.

Fonte: mundoestranho.abril.com.br

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Precisamos de Você

Aprende - lê nos olhos,
lê nos olhos – aprende
a ler jornais, aprende:
a verdade pensa
com tua cabeça.

Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.

Confere tudo ponto
por ponto – afinal
você faz parte de tudo,
também vai no barco,
"aí pagar o pato, vai
pegar no leme um dia."

Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi
parar aí? Por que?
Você faz parte de tudo.

Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.

Você não será ouvinte
diante da discussão,
não será cogumelo
de sombras e bastidores,
não será cenário
para nossa ação.

De: Bertolt Brecht

domingo, 15 de maio de 2011

Festival de História em Diamantina/MG


Concebido pela Revista de História da Biblioteca Nacional, o Festival de História - fHist foi estruturado como uma festa multidisciplinar, capaz de propiciar a manifestação da diversidade da produção literária e artística com foco na História em múltiplos espaços, auditórios, tendas e palcos de rua. A realizar-se na bem preservada paisagem histórica e cultural de Diamantina, Minas Gerais, no período de 08 a 12 de outubro de 2011, o Festival é uma realização da Nota Comunicação e já conta com as parcerias da Prefeitura Municipal de Diamantina, da Associação Diamantinense de Empresas Ligadas ao Turismo – Adeltur e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.
O Festival contará com diversas frentes de atividades, entre as quais a Tenda dos Historiadores, palco das principais conferências, na Praça Doutor Prado; o Cinema no Teatro, com sessões de filmes no cine-teatro Santa Izabel; Proseando no Mercado, no Mercado Velho, onde ocorrerão as sessões de autógrafos e será instalada a livraria do fHist; e a Música no Mercado, no palco da praça. O Festival contará ainda com oficinas de História, de Educação Patrimonial e de Teatro, abertas aos estudantes e professores da região. Em breve serão divulgados a programação e os nomes dos historiadores e jornalistas confirmados.
A participação no Festival de História é aberta a todos os interessados. As inscrições serão abertas às 12 horas do dia 15 de julho. 
O histórico mercado dos tropeiros de Diamantina

PROGRAMAÇÃO
O fHist foi concebido de forma a propiciar a manifestação, em diversos palcos e cenários, da diversidade da produção editorial e artística com foco nos temas da História. Ambientado na bem preservada paisagem histórica e cultural da cidade de Diamantina, o festival se desenvolverá em auditórios, salas de aula, praças, ruas e becos do centro do velho do Arraial do Tijuco, no período de 08 a 12 de outubro de 2011.
Para tanto, a edição 2011 do fHist oferecerá aos seus convidados e participantes uma programação envolvente e criativa:
Tenda de historiadores e jornalistas – Espaço principal do fHist, localizado na Praça Doutor Prado, antiga Praça da Cavalhada Velha do Arraial do Tijuco, a tenda, com capacidade para 500 participantes, irá abrigar as conferências e mesas principais de debates durante todo o festival.
Cinema no teatro – Em sessões no auditório do Teatro Santa Izabel, antiga Cadeia Velha, , os participantes poderão assistir a filmes sobre temas históricos, especialmente selecionados pela organização do fHist, e conversar com diretores e atores convidados.
Proseando no mercado – No Mercado Velho, antigo pouso dos tropeiros, hoje espaço cultural, os autores convidados do fHist poderão falar ao público sobre os seus livros e debater com a platéia.
Livraria da História – Em espaço especialmente reservado no velho mercado, o público terá às mãos os mais recentes lançamentos de livros de História.
Oficinas de História – Antecedendo o festival, uma intensa programação de oficinas e residências criativas, voltadas para os professores e a juventude de Diamantina, colocará os temas históricos e a educação patrimonial na ordem do dia.
Oficininha de Histórias – Na praça do mercado, a manhã do dia das crianças, 12 de outubro, será dedicado a atividades lúdicas e históricas para a meninada.
Histórias cruzadas
Em múltiplas manifestações artísticas, as bandas de música, grupos musicais e folclóricos e as escolas, museus, bibliotecas, livrarias, restaurantes e bares oferecerão durante todo o evento uma programação cultural excepcional, focada em temas históricos. Entre estas manifestações, destacam-se:
Vesperata – Na famosa Rua da Quitanda, os músicos das bandas nas sacadas centenárias, regidos pelo maestro no centro da rua, darão boas-vindas aos participantes e convidados, abrindo a programação cultural do fHist no dia oito de outubro.
Música no mercado – Durante todo o festival, um palco na Praça Barão de Guaicuí, antiga Praça da Cavalhada Nova do mercado, receberá músicos especialmente convidados pelo fHist.
Concertos – Palco das tradições musicais barrocas, as igrejas do centro histórico abrirão suas portas para concertos sinfônicos durante o festival.
Performances de época – Durante os cinco dias do festival, os bares e restaurantes do centro histórico oferecerão aos visitantes atrações especiais, acompanhadas de pratos da saborosa culinária regional.
Trilha histórica e cultural – Cortejo e passeata pelas ruas e becos do centro histórico da cidade, acompanhando bandas e grupos musicais e folclóricos no encerramento festivo do fHist.
 

sábado, 14 de maio de 2011

Contos Medievais - O imperador e o bandido

Imperador Carlos Magno
Carlos Magno estava uma noite dormindo em seu palácio, não longe de Frankfurt, quando viu em sonho um anjo rodeado de uma auréola brilhante de luz sobrenatural. O anjo se colocou diante do Imperador, e o saudou com estas palavras:
— Levanta-te, grande Imperador, e escuta a voz de Deus que fala por meus lábios. É necessário que saias esta noite sem que ninguém te acompanhe, para fazer um roubo. Se queres viver, obedece.

Acordou Carlos Magno, estranhando muito o que havia visto no sonho. E adormeceu de novo com isto na cabeça. Outra vez viu o anjo, que diante dele ordenava:
— Levanta-te, ó rei, prepara-te para cumprir as ordens que te dei. É para o teu bem e salvação do Império. Deus se serve de mim para dar-te a conhecer a sua imutável vontade.

Carlos Magno acordou e ficou pensativo a respeito duas aparições, mas adormeceu de novo. O anjo do Senhor o despertou com redobrada insistência, e exigiu com energia que se levantasse e saísse para roubar.
 Levantando-se, decidiu obedecer e sair do palácio para fazer o tal roubo. Em vão se esforçou para descobrir o sentido das palavras do anjo, que mandava um Imperador honrado fazer uma ação tão desonrosa.
— Para que hei de roubar? — pensava Carlos Magno. — Eu, o homem mais poderoso, o dono absoluto das terras que se estendem desde o Danúbio até os extremos da Espanha, hei de passar por ladrão, como o mais miserável dos meus súditos? Que fiz eu? Desgraçado de mim! Que fiz, para merecer tal castigo da justiça divina?
Mas como a aparição falara três vezes de forma categórica, decidiu obedecer a ordem recebida.
— Bem, roubarei, serei um ladrão, serei enforcado, se for preciso, pois Deus assim o quer.
E o Imperador de barba florida se levantou, vestiu-se, tomou suas brilhantes armaduras e saiu do palácio. Passou pelo dormitório e refeitório dos servidores e escudeiros, que não o perceberam, pois estavam tomados de um pesado sono. Foi à estrebaria, selou seu cavalo favorito e saiu do castelo. Dirigiu-se à selva vizinha, e ia pensando:
— Sendo Deus que manifestou sua vontade, e quer que eu faça uma coisa que me causa horror desde minha infância, eu a farei. Mas não sei como fazê-la, por isso vou procurar o famoso ladrão Elbegasto, que eu persegui sem tréguas. Neste momento ele me será útil. E se lembrou de como havia desterrado por uma pequena falta o nobre Elbegasto, e desde então se havia transformado num ladrão. Seria então esta atitude para com Elbegasto, que fazia Carlos Magno estar pagando aquela expiação? Então a alma de Carlos Magno se encheu de compaixão para com a desgraçada vítima de suas iras, e admirou com humildade a justiça e os desígnios de Deus.

Na pálida luz da lua, o Imperador viu vir em sua direção um cavaleiro solitário. Este parecia igualmente ter visto Carlos Magno, e avançou de maneira que prontamente se iriam encontrar. O cavaleiro estava com uma armadura toda negra, que o cobria da cabeça aos pés, e montava também um cavalo negro. Chegou diante de Carlos Magno e o examinou com curiosa atenção, pois queria saber quem era este que cavalgava solitário pela floresta.

A cor negra do silencioso cavaleiro não parecia a Carlos Magno bom pressentimento. Tremia, pensando que poderia ser o próprio demônio, que tinha vindo ao seu encontro para perdê-lo. Por fim o misterioso cavaleiro falou com altaneria:
— Quem sois vós, coberto por branca armadura, que andais na noite, pelos caminhos sombrios da selva? Sois talvez um servidor do rei, que buscais neste bosque a pista de Elbegasto? Se cavalgais com esse objetivo, desisti, porque fracassareis. Mais rápido que o vento, mais astuto que os conselheiros do rei, esse homem conhece esconderijos e lugares selvagens, melhor que o veado e a raposa.
— Meu caminho não é o vosso — respondeu Carlos Magno. — Somente o Imperador tem direito de pedir conta de minhas ações. E se o que disse não é de vosso gosto, estou disposto a sustentá-lo como convém a um cavaleiro.
Dizendo isto, tirou sua espada da bainha e se preparou para o combate. No mesmo instante o cavaleiro negro fez reluzir o branco aço de sua espada e começou a lutar. O estrangeiro descarregou tão tremendo golpe no elmo de Carlos Magno, que a lâmina se quebrou em vários pedaços, e ele se encontrou indefeso. Carlos Magno ficou envergonhado de matar seu adversário desarmado, e lhe disse:
— Não quero vossa vida. Ficareis livre, se me disserdes quem sois e por que motivo andais por estes lugares.
— Eu sou Elbegasto — respondeu o outro. — Desde o dia em que perdi minha fortuna e Carlos Magno me expulsou do país, tenho procurado sobreviver por meio do roubo e do banditismo. Até aqui ninguém me venceu nesta minha humilhante carreira. Só vós o fizeste. E como me tratastes com generosidade e nobreza, dizei-me o que posso fazer para ajudar-vos, para testemunhar o meu agradecimento.
— Se sois o famoso bandido Elbegasto, cuja cabeça está a prêmio pelo Imperador, podeis testemunhar vosso reconhecimento se me ajudardes a cometer um roubo. Empreendi esta incursão noturna para roubar o Imperador. Vossa ajuda pode me ser útil para esse objetivo. Vinde pois comigo, e realizaremos um roubo juntos.
O bandido respondeu:
— Um momento! Jamais roubei a mínima coisa do rei. Se me tirou a fortuna e me desterrou, o fez por mentiras dos seus maus conselheiros. Longe de mim querer causar o menor dano ao meu senhor. Eu roubo somente aqueles que fizeram sua riqueza por meio do roubo, da cobiça ou do engano. Conheceis o conde Egerico de Egermonde? Vamos ao seu castelo. Ele tem arruinado homens honrados, e não vacilaria em roubar o Imperador de seu trono e tirar-lhe a vida, se tivesse meios para isto.

Carlos Magno se alegrou interiormente, descobrindo um profundo sentimento de fidelidade em Elbegasto, e lhe disse:
— Tu me acompanharás ao palácio de Egerico!
E juntos se dirigiram ao palácio do conde.

Quando lá chegaram, Elbegasto descobriu um meio de entrar no palácio, fazendo uma escalada no muro. Entraram no quarto do conde, pois Elbegasto sabia abrir facilmente fechaduras sem fazer ruído. O conde, que tinha sono leve, disse à sua esposa:
— Deve haver ladrões no castelo, vou ver.

Levantou-se rapidamente, acendeu uma tocha e percorreu os corredores e os quartos. Carlos e Elbegasto tiveram tempo de se esconder atrás de uma cortina do quarto do conde, onde ele não podia imaginar que estivessem, e não foram descobertos. Egerico apagou a tocha e voltou para a cama. Então sua esposa lhe disse:
— Egerico, é certo que ninguém entrou no palácio. Penso que alguma preocupação o aflige, e é isto que o impede de repousar. Sua alma está perturbada por algum perigo imaginário. Diga-me o que o preocupa, para eu o ajudar.
— Já que a execução de meus planos será amanhã, vou lhe dizer. Fiz uma combinação com doze cavaleiros, de assassinarmos o Imperador, pois ele nos proibiu de cobrar tributos aos viajantes pelo caminho real. Ninguém sabe deste propósito, e te peço que guardes silêncio, caso contrário nem tua vida estará segura.

O Imperador não perdeu nenhuma palavra desse diálogo. Quando o conde e sua esposa adormeceram, os dois saíram silenciosamente de seu esconderijo, e fora do castelo combinaram que Elbegasto iria até o Imperador para avisá-lo, mesmo que corresse o risco de ser preso. Carlos rapidamente regressou para o palácio.

No dia seguinte, muito cedo, apresentou-se Elbegasto no palácio e pediu para falar com o Imperador. Este havia convocado todo o conselho, e foi ali que ouviu o relato do nobre. Então Carlos Magno se pôs de pé e disse:

— Sonhei esta noite que o conde Egerico viria ao palácio com doze dos seus, com a intenção de assassinar-me, da mesma forma que o bandido Elbegasto descreveu. Sua ira contra mim tem por causa a proibição que fiz, de obrigar os viajantes do caminho real a que paguem impostos a esses cavaleiros, que têm a alma de ladrões. Cuidei, pois, de que houvesse suficiente número de soldados para intervir, se fosse necessário.

Pelo meio-dia Egerico chegou com seus homens, e no momento em que entraram na sala real foram presos pelos soldados. Debaixo de suas roupas foram encontradas armas escondidas. Surpreendidos e desconcertados, os bandidos 
quiseram negar seus sinistros propósitos. Mas Elbegasto desafiou o desleal vassalo a singular combate, para que Deus fizesse justiça, e a cabeça de Egerico rolou, justamente cortada pelo golpe vigoroso de Elbegasto.

O Imperador chamou Elbegasto e o perdoou publicamente, dando-lhe o cargo de conselheiro, com a condição de que renunciasse às suas atividades desleais.


Fonte:http://contoselendasmedievais.blogspot.com 
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